Dar feedback é uma das ferramentas mais poderosas de crescimento profissional e desenvolvimento de equipes. No entanto, muita gente ainda evita esse momento por medo de provocar desconforto, conflitos ou reações defensivas. A boa notícia é: existe uma maneira eficaz de dar feedback que gera reflexão, e não resistência.
Neste artigo, você vai aprender estratégias práticas para tornar seus feedbacks mais construtivos, empáticos e eficazes — sem causar defensividade.
Por que o feedback gera defensividade?
Antes de mais nada, é preciso compreender por que as pessoas se defendem ao receber feedback, mesmo quando a intenção é positiva:
- Instinto de autoproteção: o cérebro interpreta críticas como ameaças à autoestima e à imagem social;
- Histórico de feedbacks mal dados: se a pessoa já foi exposta a feedbacks agressivos ou punitivos, ela pode entrar automaticamente em modo de defesa;
- Ambiente pouco seguro: em locais com pouca escuta ou confiança, o feedback soa como ataque;
- Falta de clareza sobre intenção: quando o objetivo do feedback não é compreendido, a pessoa pode se sentir julgada, e não apoiada.
A chave para vencer essas barreiras está em como o feedback é construído e comunicado!
- Prepare o terreno: feedback não começa no momento da fala… Um feedback eficaz começa antes de ser dito.
- Crie um ambiente de confiança e respeito… Quando há um histórico positivo de relacionamento, o feedback é melhor recebido.
- Escolha o momento e o local adequado… Evite dar feedback sob pressão, em público ou em meio a um conflito.
- Tenha clareza sobre o propósito: Seu objetivo deve ser contribuir com o crescimento do outro, não desabafar ou acusar. Exemplo: “Vamos conversar um pouco sobre como podemos melhorar a entrega daquele projeto? Acho que tem pontos importantes que vale a pena olhar juntos.”
- Fale sobre comportamentos, não sobre a pessoa
Um dos maiores gatilhos de defensividade é o uso de rótulos errados: “Você não colabora com a equipe.”
Certo: “Percebi que nas últimas reuniões você preferiu não participar das decisões em grupo, e isso impactou o alinhamento da equipe.” Essa mudança de foco tira o julgamento e coloca o feedback no campo do fato e da consequência, facilitando o diálogo.
- Comece reconhecendo o valor da pessoa
Iniciar com uma mensagem genuína de reconhecimento reduz a tensão e mostra que você valoriza a pessoa como um todo. ATENÇÃO: Evite o clássico “elogio obrigatório” que soa falso. Em vez disso, fale de forma sincera sobre o que a pessoa faz bem.
Exemplo: “Quero começar dizendo que admiro sua dedicação ao time. Você sempre entrega no prazo e é alguém que as pessoas confiam.”
Isso não é “adoçar a pílula”: é reconhecer a complexidade do outro, o que abre espaço para a escuta!
- Use a técnica do “SBI” (Situação – Comportamento – Impacto)
Essa técnica ajuda a organizar o feedback de forma objetiva:
- Situação: descreva o contexto específico.
- Comportamento: diga o que foi feito, sem juízo de valor.
- Impacto: explique como aquilo afetou você, o time ou o resultado.
Exemplo: “Na reunião de segunda-feira (situação), você interrompeu duas vezes enquanto a Ana explicava o cronograma (comportamento). Isso fez com que ela se sentisse desvalorizada e o time ficou confuso sobre as próximas etapas (impacto).”
Esse tipo de feedback é claro, respeitoso e direto — e reduz reações defensivas porque não ataca a identidade da pessoa.
- Deixe espaço para o outro falar
Muitos feedbacks falham porque são monólogos. A escuta é tão importante quanto a fala. Depois de expor sua percepção:
- Pergunte: “Como você vê isso?”
- Demonstre abertura: “Faz sentido para você? Tem algo que eu não percebi?”
Dar espaço mostra respeito e permite que a pessoa também traga sua visão, gerando diálogo e não confronto!
- Ofereça apoio, não só apontamentos
Um feedback só é realmente construtivo quando aponta caminhos de desenvolvimento. Isso mostra que você está ali para ajudar, não apenas criticar.
Exemplo: “Se quiser, posso te ajudar a estruturar as falas antes das reuniões para garantir mais clareza.”
Também é válido combinar acordos futuros: “Podemos combinar que na próxima reunião vamos praticar esse ponto juntos?”
- Não espere “o momento certo demais” para dar feedback
Às vezes evitamos dar feedback por medo da reação do outro. Mas o silêncio cria acúmulos e ressentimentos. O segredo está em praticar feedbacks constantes, tanto positivos quanto de melhoria, para que isso se torne parte da cultura do relacionamento.
Dar feedback não precisa ser um momento tenso. Quando é feito com respeito, empatia e intenção clara, ele se transforma numa poderosa ferramenta de evolução mútua.
Resumindo…
Dar feedback sem gerar defensividade é possível e necessário para criar ambientes mais saudáveis, produtivos e humanos. A chave está em respeitar o outro como sujeito em desenvolvimento. A prática constante, o cuidado nas palavras e a escuta ativa vão tornar seus feedbacks cada vez mais bem recebidos e impactantes.